domingo, 9 de fevereiro de 2014

Papangus de Bezerros revelam e escondem a tradição do Carnaval


Quem vai a Bezerros, no Agreste de Pernambuco, durante o Carnaval, pode ver uma das mais conhecidas atrações culturais do período momesco: os Papangus. São personagens mascarados, anônimos, que povoam o imaginário popular. A fama é tanta que a própria cidade é chamada de “Terra do Papangu”.

As versões sobre a origem do personagem são diversas. Há quem diga que as máscaras eram utilizadas por escravos para entrar em locais proibidos ou por maridos decididos a driblar suas esposas.

“Uma terceira versão relatava que dois irmãos saíram comendo exageradamente o angu distribuído pelos moradores no Carnaval e foram apelidados de Papa-angu”, explica a pesquisadora Maria das Graças Costa, em sua tese intitulada “Lugares, Tradições e Rostos: Máscaras no Carnaval de Pernambuco. Objetos que falam sem calar Sujeitos.”
As histórias sobre a origem do personagem são diversas

Para o autor do livro “Bezerros, seus fatos e história”, Ronaldo José Souto Maior, o personagem surgiu de uma brincadeira realizada no Engenho Alexandria, também em Bezerros. A propriedade pertencia ao capitão José Manuel Ferreira Pontes.

O começo de tudo teria sido em 1881, durante um entrudo, celebração feita na Quarta-Feira de Cinzas e que marca o início da Semana Santa. Na ocasião, a família do coronel utilizou máscaras e preparou o tradicional angu.
Uma as versões conta que o personagem teria surgido em uma festa religiosa

“Era uma festa religiosa realizada nos engenhos em comemoração ao entrudo. As pessoas botavam máscaras e comiam angu, que era comida da zona rural. Quando foi proclamada a República, muitos desses coronéis foram para a cidade e, dessa forma, participaram da festividade por lá também”, explica.

A origem dos papangus não deve ser confundida com a do “Papangu pegado”, personagens maltrapilhos que, por viverem sujos, eram chamados de “pegados”. O estudioso explica que, em 1922, eles eram responsáveis por tanger a população para a frente, durante as procissões. Por ser um trabalho violento, os Papangus pegados utilizavam máscaras, escondendo a identidade.


No início, as máscaras eram feitas de forma artesanal, sendo compostas até mesmo por folhas de bananeiras. O tempo passou e a tradição continuou. Hoje as máscaras utilizadas pelos Papangus brilham, atraem pela decoração, mas não deixam de trazer o mistério sobre a origem do personagem, que tanto esconde a identidade no Carnaval.

Tradicionalmente, os Papangus de Bezerros desfilam no domingo de Carnaval.
Com Informações do NE10
Reprodução: Blog Gilson Andrade

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